A proposta de habitação social de Alejandro Aravena

Alejandro Aravena usa a arquitetura como uma ferramenta contra a desigualdade social. Os projetos de habitação social desenvolvidos pelo seu escritório de arquitetura são um marco nesse tipo de moradia, propondo o conceito de casa evolutiva.
A proposta de habitação social de Alejandro Aravena

Última atualização: 16 janeiro, 2020

A habitação social de Alejandro Aravena, um importante arquiteto chileno, destaca-se pela nova visão com a qual ela é projetada. Os trabalhos de Aravena para a habitação social se destacam devido à concepção de edifício evolutivo que elas representam.

Talvez um dos seus projetos mais importantes seja a Casa Incremental, que é uma moradia social definida como “a metade” de uma casa. Como líder do escritório Elemental, Aravena conseguiu lidar com situações de crise, tanto climáticas quanto sociais.

Esse arquiteto chileno desenvolve os seus projetos a partir da ideia de que a questão da habitação social não se trata apenas de um problema de metros quadrados. Os seus projetos vão além e também tentam resolver aspectos mais qualitativos.

Aravena se força a trabalhar apenas com o estritamente necessário, descartando o supérfluo na arquitetura. A sua postura se resume em uma frase: «A habitação social exige que se trabalhe com qualidade profissional, não com caridade profissional«.

Em 2016, ele recebeu o Prêmio Pritzker, tornando-se reconhecido internacionalmente. Com este prêmio, o seu trabalho voltado para a habitação social da população mais desfavorecida também foi divulgado.

Alejandro Aravena: habitação social de qualidade

a habitação social

Moradias sociais/ plataformaarquitectura.cl

Aravena aplica o conceito de «moradia progressiva». Este é o resultado do minúsculo orçamento que ele teve para construir moradias sociais. O projeto envolve a construção da metade de uma casa.

Essa ideia buscava fazer com que o projeto não fosse tipicamente de interesse social, com uma fileira de casas ou de pequenas casas individuais. A proposta consistia na construção da metade de uma boa casa, com uma qualidade especial, que teria o mesmo custo.

O escritório, liderado por Aravena, projetou uma casa básica com o equipamento sanitário necessário e dois quartos em um espaço de 40 m². A partir dessa base, as famílias assumiriam a construção do restante da casa de forma progressiva.

Alejandro Aravena desenvolve os seus projetos de habitação social pensando em oferecer uma casa para quem ganha menos. Não se trata apenas de dar acesso à moradia de qualidade, mas sim de dar a possibilidade de obter um crédito hipotecário acessível.

«Se você acredita em algo, deve ser corajoso o suficiente para que, se as decisões que você toma não seguirem as dos outros, você possa seguir em frente».

-Alejandro Aravena-

Quinta Monroy

A proposta de habitação social de Alejandro Aravena

Quinta Monroy / disenoarquitectura.cl

O projeto chamado de Quinta Monroy é o produto da necessidade de fornecer as condições mínimas de habitabilidade para cerca de 100 famílias. Elas ocuparam ilegalmente, durante pelo menos 30 anos, um terreno de 0,5 hectares no centro de Iquique, no Chile.

Uma das principais limitações ocorreu no momento da alocação do orçamento. Ele era muito pequeno e deveria cobrir os custos do valor do terreno, da urbanização e de arquitetura.

Em resposta a esse problema, concluiu-se que as casas possuiriam uma área de 36 m², ou seja, apenas metade de uma casa. A ideia era que os usuários das casas fossem responsáveis ​​por futuras extensões, atingindo 70 m² por casa.

O conceito era o de um edifício vertical, que deveria crescer no primeiro andar de forma horizontal e no último andar de forma vertical. A partir dessas premissas, foi alcançado o que se buscava: liberdade para expandir as casas.

Ao final do trabalho, cada família recebeu 50% da casa, que incluía equipamentos básicos, como banheiros, cozinha, etc. Quando a casa for ampliada, os serviços serão integrados sem nenhum problema.

O projeto também inclui o tratamento do espaço coletivo, que é uma propriedade comum, mas com acesso exclusivo aos moradores. Esse espaço coletivo permite a consolidação da vida comunitária, incluindo áreas de recreação infantil e para reuniões de vizinhos.

Habitação social de Alejandro Aravena em Monterrey, México

a habitação social de Alejandro Aravena

Moradias sociais / plataformaarquitectura.cl

O governo de Nuevo León, no México, solicitou à Elemental o projeto de um conjunto de 70 casas em um bairro de classe média. Com requisitos sociais e de terreno semelhantes aos de Iquique, decidiu-se aplicar a tipologia da Quinta Monroy.

Com um orçamento maior, foi aplicada a mesma estratégia utilizada no Chile. A construção foi projetada usando recursos estatais para metade de uma boa casa, a metade mais difícil.

Esta metade contém os equipamentos básicos da casa, bem como a conexão vertical dos andares. Uma das características observadas pela equipe de Aravena se concentra na autoconstrução, o que garantirá a futura expansão da casa.

A proposta consiste em um edifício contínuo de três andares, seguindo a mesma tipologia aplicada no Chile. Em termos de andares, são sobrepostos uma casa na horizontal (primeiro andar) e um apartamento duplex (segundo e terceiro andar).

Assim como na Quinta Monroy, ao final do trabalho, a primeira metade da casa será entregue, com cerca de 40 m². A casa do primeiro andar terá a possibilidade de aumentar até aproximadamente os 58 m² e o duplex até os 76 m².

O espaço comunitário é cercado pelas casas, reduzindo assim a distância entre ele e as áreas verdes. Esse espaço é projetado dessa maneira para garantir o cuidado dessas áreas, além de oferecer um local para as reuniões de moradores.

Em resumo

Aravena é um arquiteto comprometido com o seu trabalho e o seu tempo e que acredita que a arquitetura é uma ferramenta para encontrar soluções. Com os seus projetos, ele tenta democratizar o acesso a moradias de qualidade.

Como um sinal do senso social de Aravena, ele liberou os seus projetos de habitação social mais emblemáticos para que eles pudessem ser usados ​​livremente.